Sou natural à 6 anos (desde 2011). Deixar relaxante/desfrisante foi a melhor decisão que alguma vez tomei e a mais libertadora sem dúvida. Foi a partir desse momento que comecei a aceitar o meu cabelo crespo tal como é, sem necessitar da aceitação dos outros e da sociedade cujos padrões de beleza europeus escravizam a mulher africana e outras que não tem o cabelo liso.
Depois de sentir na pele a discriminação vinda não só da sociedade, mas da própria família, por ter o cabelo “bedju” (velho/crespo em criolo como dizem os meus familiares), deixar o meu cabelo natural foi uma verdadeira jornada.
Antes as correntes estavam nos nossos pescoços, mãos e pés, mas hoje encontram-se sobretudo na nossa cabeça, literalmente. Ao ponto de os próprios africanos desprezarem o que cresce da sua cabeça.
Posto isto, aceitar o nosso cabelo natural não é moda, é uma afirmação de libertação dos padrões de beleza que nos foram impostos e uma forma de homenagear a herança genética e cultural que nos foi transmitida pelos nossos ancestrais.
O nosso cabelo é mais do que cabelo, é pura arte, é o único tipo de cabelo que cresce em direcção ao sol e em forma de espiral (o que nós chamamos de “caracóis”, uns mais apertados do que outros), o que para mim resulta numa coroa, bela, imponente e versátil. Porquê esconde-la? Porquê ter vergonha duma coroa natural? Segurem as vossas coroas rainhas 😉
Não sou africana e concordo a 100% com o último parágrafo. Não alisem!! Vocês ficam mto mais bonitas e sexy com o vosso cabelo crespo. Não cedam à ditadura dos cabelos lisos!! Até pq o cabelo liso dá-nos um ar aborrecido e sério. Estou sp a tentar encaracolar o meu, detesto o liso aborrecido.
Republicou isso em Museu AfroDigital – Estação Portugal.